Assim vai o mundo
Aquelas pessoas que falam sempre como se soubessem tudo são um mistério. Será que elas são mesmo assim? Será que se tomam mesmo a sério? Ou será que à noite, quando vão dormir, tremem de medo num pesadelo de dúvidas?
"O que é que vocês fazem quando vos aparece um tipo destes?", pergunta Alvy Singer no filme "Annie Hall", de Woody Allen, quando, numa fila para o cinema, é obrigado a ouvir as opiniões do homem que está atrás dele sobre um livro do senhor McLuhan. "E o melhor é que você não sabe nada do McLuhan! Quer ver?" Magicamente, Alvy faz aparecer o senhor McLuhan detrás de uma parede e este diz para o homem: "Você não sabe nada da minha obra." E conclui Alvy: "Se a vida fosse assim…”
Como seria o mundo se pudéssemos recorrer sempre aos McLuhan? Se tivéssemos acesso em simultâneo aos vários lados de uma questão, como se pudéssemos ver tudo de cima e também por dentro? Será assim tão difícil expandir os limites da nossa consciência para além dos limites do pouco que podemos espreitar do mundo?
"Assim vai o Mundo" passa-se no presente, no momento em que, de infinitos pontos de vista, estamos todos de olhos postos no próximo milénio.
Se nos tirassem agora uma fotografia apareceríamos todos na imagem. Resolvemos aproveitar a oportunidade. Uma das nossas máquinas fotográficas foi a Internet porque todos os pontos de vista estão lá. "A Internet criou o espelho mais preciso de todas as pessoas como um todo que já alguma vez tivemos. Vemos a vulgaridade, a avareza, o feio, a perversidade, a solidão, o amor, a inspiração e a ternura que se manifesta na humanidade " (Jaron Lanier in revista "Wired") .
"Assim vai o Mundo" era o subtítulo da série de documentários com notícias internacionais que passava habitualmente nas salas de cinema portuguesas até aos anos 70.
Sérgio Pelágio
“Também o multi-viajado ‘Assim Vai o Mundo’ encontrou em ‘MuDanças’ mais uma oportunidade para se dar a ver ao público lisboeta, e para voltar a agitar as hostes com os seus retratos, fortes e autênticos mas cruéis de uma sociedade alienada, perversa, precisada dos outros para se alimentar e sobreviver, deles roubando e a eles mostrando como os homens são parecidos com tudo menos com os homens”.
MG, Blitz, 14-03-2000
“A aceitação da subjectividade e da multiplicidade de perspectivas, a estação espacial MIR, a ciência, a violência no desporto, a astrologia, o vegetarianismo e o sensacionalismo dos ‘media’ constituem um estranho conjunto de temas reunidos em ‘Assim Vai o Mundo’”.
Nelson Morais, Público, 29-02-2000
“Real & Pelágio redefiniram os contornos da animalidade que habita cada ser humano, na latência de um humor estranhamente familiar, ou de uma tristeza crónica particularmente identificativa - talvez pelo embaraço que nos causa, assistir ao comportamento da nossa qualidade (?) de seres racionais. De salientar a fabulosa interpretação de Rolando San Martin, o inusitado do peixe rastejante ou das personagens que povoam uma improvável festa e nos olham contundentemente, antes de chegarmos ao final, animado por um curioso colóquio sobre vegetarianismo, que retoma o carácter bárbaro e animal que nos aproxima dos outros”.
MG, Blitz, 30-11-1999
“Evidenciando as tendências cada vez mais teatrais de Sílvia Real, “Assim vai o mundo” fala das dificuldades de comunicação que hoje se sentem, num fim de milénio “em que as pessoas se fecham e, comodamente, recusam abrir os olhos a outros pontos de vista”.
Lucinda Canelas, Público, 14-08-1998
FICHA TÉCNICA
Concepção, coreografia
Sílvia Real
Concepção, som e música original
Sérgio Pelágio
Interpretação
Luís Elgris, Olinda Gil, Nines Gómez, Rolando San Martin, Sílvia Real
Figurinos, guarda-roupa e adereços
Ana Teresa Real
Cenografia e design gráfico
Carlos Bártolo
Desenho de luzes
Carlos Ramos
Astrologia
[Realização e interpretação da carta astrológica para a data de abertura da Expo 98]
José Augusto
Assistência de cenografia e de adereços
Sérgio Carmo
Operação de luz
Bruno Gaspar
Co-produção
"EXPO '98 / Festival Mergulho no Futuro"
MC / IPAE - Ministério da Cultura / Instituto Português das Artes do Espectáculo
Produção executiva
Produções Real Pelágio
Apoios
associação cultural financiada pelo
MC / IPAE - Ministério da Cultura / Instituto Português das Artes do Espectáculo
Câmara Municipal de Mafra
Festival Danças na Cidade
Companhia Clara Andermatt
Lisprene - Materiais e Equipamento de Construção
Marotta - Moda feminina
Agradecimentos
Departamento de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da U.N.L., José Augusto, Miguel Azguime, Paula Azguime, João Buinheira, Rebecca Collins, Paulo Henrique, Jorge Lampreia, Ana Maria, José Alexandre Pelágio, Rosa Peliças, Domingos Real e Gertrudes Real
Fotografia
Luciana Fina, Olga Ramos e Jorge Gonçalves
APRESENTAÇÕES
Agosto 1998
Teatro Maria Matos, Lisboa
(Festival Mergulho no Futuro /Expo’98)
Novembro 1999
Cinearte, Lisboa
(Festival Danças na Cidade 1999)
Fevereiro 2000
Rotterdamse Schowburg, Rotterdam
Fevereiro 2000
Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra
Março 2000
CAM/Acarte, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
(MuDanças 2000/Rencontres Choréographiques Internationales de Seine-Saint-Denis)
Agosto 2000
Auditório Jaime Lobo e Silva, Ericeira
(Festival 3 semanas 3 nomes)
Setembro 2000
Auditório Pedro Ruivo, Faro